A FLUIDEZ DAS RELAÇÕES
- Antonio Jose Silva
- há 12 minutos
- 3 min de leitura

06/11/2025
"A felicidade não reside em ser totalmente livre, mas em aprender a conviver com nossas limitações"
"MODERNIDADE LÍQUIDA"
É o termo usado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman para definir o tempo presente, também chamado de pós-moderno por alguns sociólogos e cientistas sociais. A associação com o líquido vem do fato de que a sociedade atual seria, segundo Bauman, marcada pela liquidez, volatilidade e fluidez. As relações e acontecimentos não são feitos para durar, são rápidos, estão em constante mudança e não conservam sua forma por muito tempo.
O IMPÉRIO DOS DESCARTÁVEIS
Na modernidade líquida, os produtos e as experiências de consumo tornam-se símbolos de identidade, mas, diferentemente de épocas anteriores, essas identidades são efêmeras e facilmente descartáveis.
O ANTIGO É "OFF" E O NOVO"ON"
O consumismo, portanto, não é apenas um ato de comprar, mas um meio de navegar e se adaptar à rápida mudança de normas sociais e estilos de vida. Ele se alinha com a natureza líquida da modernidade ao encorajar a constante reinvenção do self, uma busca incessante por novidades e a substituição rápida de bens e ideias. Assim, Bauman sugere que o consumismo é uma resposta adaptativa à incerteza e à transitoriedade da vida moderna, onde o "novo" é sempre valorizado e o "antigo" rapidamente descartado.
FLUIDEZ E TRANSFORMAÇÃO
Na modernidade líquida, a personalidade do indivíduo influencia a formação da sociedade. Inicialmente, na ausência dos padrões da modernidade sólida, a identidade individual é moldada pelo estilo de vida, pelos hábitos de consumo e pela maneira como consome. Além disso, nesta era, há uma constante fluidez e transformação.
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Zygmunt Bauman, nascido em Poznan, fugiu da invasão de tropas nazistas na Polônia em 1939. Aos 14 anos, foi com a família para a União Soviética. Autor de mais de 50 livros, filósofo polonês criou o conceito de "modernidade líquida", que expõe o avanço do individualismo - e a consequente fragilidade das relações afetivas no mundo contemporâneo. “Escolhi chamar de modernidade líquida a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza, a única certeza.” Afirmou o autor.
UMA REFLEXÃO SOBRE LIBERDADE
Desde o nascimento, cada indivíduo se insere em uma complexa rede social que influencia suas escolhas e limitações, e é a negociação constante entre autonomia e pertencimento que define sua trajetória. A ideia de liberdade completa, frequentemente idealizada na sociedade contemporânea, é desafiada pela visão de Bauman. Ele argumenta que nenhum indivíduo está completamente isento das estruturas sociais que moldam suas vidas.
UM NECESSÁRIO REAJUSTE DE EXPECTATIVA
Bauman oferece uma visão adaptativa da liberdade, onde cada fase da vida requer um ajuste de expectativas com relação à própria felicidade. Paixões, mudanças de carreira e o envelhecimento são exemplos de momentos críticos que pedem uma renegociação constante dos nossos desejos e capacidades. Ele sugere que a verdadeira realização está na habilidade de navegar essas transições com flexibilidade, reconhecendo os limites impostos por nossas circunstâncias e usando-os como uma oportunidade para crescimento pessoal.
CAMINHANDO PARA O ENCERRAMENTO
A desigualdade estrutural levanta questões sobre justiça social e o papel de cada um em promover um ambiente onde mais pessoas possam experimentar certo grau de autonomia. Em essência, a análise de Bauman não rejeita a busca por liberdade, mas redireciona o foco para a compreensão e aceitação das limitações que a vida impõe.




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