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Uma concepção artística do designer gráfico especialista em reconstituição facial forense Cícero Moraes mostra que judeus que viviam no Oriente Médio no século 1 tinham a pele, o cabelo e os olhos escuros.

01/05/2025


ICONOGRAFIA E A HISTÓRIA CONTADA

Em essência, iconografia é a representação visual de algo através de imagens, ícones e símbolos. Essa prática tem um significado profundo, importância significativa e uma força que se manifesta em diversas áreas, desde a arte e cultura até a comunicação e a identidade visual. A história "oficial" mostra uma construção iconográfica que pouco deve ter tido a ver com a realidade. Um homem branco, barbudo, de longos cabelos castanhos claros e olhos azuis. Essa é a imagem mais conhecida de Jesus Cristo, adotada o longo de séculos e séculos de eurocentrismo — tanto na arte quanto na religião. Como judeu, Jesus era parte de uma minoria étnica no Império Romano. Os judeus eram marginalizados por romanos, gregos e outros grupos não judeus em muitas cidades imperiais.


PADRÃO EUROCÊNTRICO

Na maior parte do mundo ocidental, Jesus é branco. Embora o Cristo Senhor transcenda a cor da pele e as divisões raciais, o Jesus branco tem consequências reais. Jesus de Nazaré provavelmente tinha uma tez mais escura do que imaginamos, não muito diferente da pele de cor azeitonada, tão comum entre os habitantes do Oriente Médio nos dias de hoje. O erudito bíblico de Princeton, James Charlesworth, chega a ponto de dizer que Jesus tinha “provavelmente [a pele] morena escura e bronzeada pelo sol”. Mas, por volta do sexto século, alguns artistas bizantinos começaram a retratar Jesus com pele branca, barba e cabelo repartido ao meio. E essa imagem se tornou o padrão.


POR QUE É IMPORTANTE SABER QUE JESUS NÃO ERA BRANCO

Se somos capazes de reconhecer a importância da diversidade étnica e física em modelos de comportamento nos meios de comunicação, o que nos impede de fazer o mesmo com a fé? Por que seguimos permitindo que a imagem de Jesus branco seja aquela que predomina?

Os cristãos ortodoxos têm uma iconografia que difere substancialmente da exigida pela arte europeia. De fato, se você visitar uma igreja na África, é bem provável que encontre com um Jesus negro. No entanto, imagens como essa não são vistas em igrejas protestantes ou católicas na Europa ou na Austrália.


DESCONEXÃO COGNITIVA

A afirmação teológica de que os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus tem consequências: se Deus é sempre representado como um homem branco, por padrão os homens serão brancos, uma ideia subjacente a um racismo latente.

Historicamente, o branqueamento de Jesus contribuiu para que cristãos perpetrassem um dos mais terríveis atos antissemitas já documentados. Atualmente, ele continua a se manifestar em países como a Austrália, onde é comum rotular australianos não-anglo-saxões como "os outros".


PROPÓSITOS INCONFESSÁVEIS?

As imagens de Jesus historicamente têm servido a muitos propósitos, desde simbolicamente representar o seu poder, até representar sua real semelhança. Mas, no atual momento histórico marcado pelo combate ao racismo, é importante que todos nós conheçamos a complicada história das imagens de Cristo que consomem "Ad aeternum".

Querem um exemplo recente? A vereadora Cris Monteiro (Novo-SP) gerou polêmica durante sessão da Câmara Municipal de São Paulo na última terça-feira (29) ao declarar que uma mulher “branca, bonita e rica” incomoda.

“Ao destacar sua branquitude, beleza e riqueza como elementos de superioridade e motivo de incômodo diante da fala de uma vereadora negra, a parlamentar expressa uma estrutura de poder racializada, que reforça estereótipos discriminatórios e hierarquias raciais, incitando a desvalorização do lugar de fala da mulher negra no espaço público”. Imaginem se ela debatesse com o iluminado mestre Jesus, o que ela diria?




 
 
 
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