- Antonio Jose Silva
- 23 de nov.
- 2 min de leitura

23/11/2025
O OURO E O "TOLO" (O ESCRAVIZADO)
O estudo “O outro lado da moeda” de Leonardo Marques, investiga a estimativa e o impacto do ouro brasileiro no tráfico transatlântico de escravos, analisando como o metal precioso foi usado para comprar africanos na Costa da Mina, especialmente entre o final do século XVII e meados do século XVIII. A pesquisa sugere que o ouro era usado em trocas diretas, complementando ou substituindo o uso de outros bens, e impulsionou o comércio de escravos na região.
O OURO COMO MOEDA DE TROCA
Desde o início da colonização europeia nas Américas, a força de trabalho dos escravizados foi o principal motor para o desenvolvimento econômico do continente. Foi marcante o impacto do ouro brasileiro no tráfico transatlântico de escravos. O metal precioso foi usado para comprar africanos na Costa da Mina, especialmente entre o final do século XVII e meados do século XVIII.
A EXPANSÃO DA EXCRAVIZAÇÃO
O ouro do Brasil foi um dos principais instrumentos a permitir a expansão do comércio de escravos por luso-brasileiros na Costa da Mina (golfo da Guiné), região que, como notavam os contemporâneos, foi uma das mais importantes fontes de escravos para a América portuguesa. As exportações de ouro do Brasil, portanto, alimentaram não apenas a avassaladora demanda de uma Europa em expansão, mas também as expectativas de diferentes sociedades africanas.
DEMANDA POR MÃO DE OBRA 0800
A extração do ouro no Brasil, por sua vez, gerou uma demanda por trabalho na colônia em escala inédita, que foi suprida, em grande medida, por escravos da África Ocidental. Estes cativos foram trocados pelo ouro que havia sido extraído por outros escravos, anteriormente carregados para aquelas mesmas regiões do interior do Brasil.
A descoberta de ouro nas Minas Gerais, no final do século XVII, provocou um aumento na demanda por mão de obra africana.
DÍVIDA HISTÓRICA E TAMBÉM IRREPARÁVEL?
A "dívida" da sociedade brasileira com a exploração da escravidão refere-se a um débito histórico e social, cujas consequências perduram até hoje, manifestando-se em profundas desigualdades estruturais, racismo e exclusão social da população negra.
O LEGADO DA ESCRAVIDÃO
Por quase quatro séculos, a economia brasileira foi baseada na mão de obra escravizada, gerando riqueza para poucos, enquanto milhões de pessoas foram desumanizadas e exploradas.
É intransferível a responsabilidade das gerações atuais, do governo e do Estado em reparar as injustiças cometidas. A justiça da reparação não se trata de algo a ser "dado", de um favor, mas sim, algo a ser "devolvido" à população negra (afrodescendente), por meio de medidas concretas de compensação e indenização.